Uma Palavra Amiga

Interpretar Jesus

14 de Setembro
E, chegando Jesus às partes de Cesareia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? E eles disseram: Uns, João Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas. Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? Mateus 16:13-15.
Ouvir

Dar testemunho da nossa fé requer explicar, de algum modo, quem é Jesus para nós. Creio que a chave da sobrevivência do Cristianismo genuíno se encontra na nossa vontade de nos identificarmos pessoalmente com Jesus e de fazermos nossa a Sua causa. Mais do que uma doutrina, a fé cristã é uma “interpretação” de Jesus. Como sabiamente foi dito: “O maravilhoso amor de Cristo abrandará e subjugará corações, quando a simples reiteração de doutrinas nada conseguiria” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 756, 2017, ed. P. SerVir).

Como se poderia dar a conhecer a obra de Johann Sebastian Bach sem músicos capazes de a interpretar? O futuro do Cristianismo depende da interpretação que nós, os cristãos de hoje, façamos de Cristo. Como apresentá-l’O numa sociedade pós-moderna com uma vivência de amor que seja capaz de oferecer esperança ao nosso mundo?

Interpretar Jesus é ser-Lhe fiel a nível pessoal, para além da falsa segurança das tradições. Os apóstolos e evangelistas fizeram-no, cada um à sua maneira. Não se limitaram a reproduzir literalmente as Suas palavras, porque não queriam que as suas pregações só interessassem aos arqueólogos, nem que as suas igrejas se convertessem em museus.

Jesus deu-nos exemplo do que significa ser um “intérprete de Deus” (João 1:18). “Ouvistes que foi dito aos antigos… eu, porém, vos digo” (Mateus 5:21, 27, 31, 33, 38). Se Jesus necessitava então de explicar as Escrituras para que o Seu público captasse a sua verdadeira mensagem, nós necessitamos, guiados pelo Espírito, de “interpretar” Jesus através da nossa vida, das nossas palavras e da nossa própria experiência, com o fim de O tornar compreensível e atraente para o nosso mundo.

Um grande erro de alguns crentes consiste em fixar Cristo numas quantas frases feitas, numas quantas metáforas ou imagens, nuns estereótipos repetitivos, sem dúvida muito tradicionais e autênticos, mas tão distantes dos interesses dos homens e mulheres de hoje como das suas necessidades.

Ou continuamos bloqueados por formulações obsoletas, ou renovamos a força da nossa mensagem, inspirados pela criatividade inesgotável do Espírito Santo.

Senhor, sei bem que só posso ser testemunha de algo que experimentei pessoalmente. Só posso transmitir a Tua mensagem de amor universal se a viver eu mesmo. Só posso fazer brilhar a luz do evangelho se, no meu coração, resplandecer a sua chama.