Uma Palavra Amiga

Fé que cura

12 de Julho
Quando chegou a casa, os cegos se aproximaram dele; e Jesus disse-lhes: Credes vós que eu posso fazer isto? Disseram-lhe eles: Sim, Senhor. Tocou então os olhos deles, dizendo: Seja-vos feito segundo a vossa fé. E os olhos se lhes abriram. Mateus 9:28-30.
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Dois cegos pedem a Jesus que Se compadeça deles. Lendo os Evangelhos, constatamos que se há uma atitude que caracteriza o Mestre nas Suas relações com os sofredores é precisamente a compaixão. Mas não se deve confundir a compaixão pelo doente com a pena, quer dizer, com essa condescendência do são que aborda aquele que sofre da altura inacessível da sua vantagem, e que é pouco mais do que um mecanismo de defesa disfarçado de piedade, frequentemente cobarde ou humilhante. A compaixão de Jesus é a atitude de quem deixa que ressoe no seu coração o sofrimento alheio, disposto a vibrar em harmonia com ele e a passar da empatia à ação.

Observemos que, antes de exercer o Seu poder curador sobre estes cegos, Jesus lhes pergunta se creem que Ele pode fazê-lo. Para levar a cabo uma terapia eficaz, necessita da plena confiança dos Seus pacientes. A Sua compaixão aparece aqui como uma “ressonância”, que requer ser transformada em “consonância” pelo consentimento dos implicados. Os profissionais de saúde sabem bem que suscitar a confiança do doente não consiste em apropriar-se do seu sofrimento, mas sim em ajudar a superá-lo. Porque este sofrimento que nos sensibiliza no outro, por muito que empatizemos com ele, sempre continuará a ser seu, não nosso. Jesus compadece-Se dos cegos, mas sem Se limitar a tratar do aspeto físico da sua cegueira,

e sim convidando-os a uma terapia integral, que inclui também o seu espírito: “Credes vós que eu posso fazer isto?”, quer dizer, “Acreditam que deus vos ama ao ponto de atuar em vosso favor, devolvendo-vos a saúde, se for o que mis vos convém?” Quando os cegos já manifestaram a sua plena confiança no poder divino (nisso consiste a fé), atreve-Se a dizer-lhes: “Seja-vos feito segundo a vossa fé.”

Compadecermo-nos do sofrimento alheio é deixarmos ressoar em nós, como Jesus, a dor do outro. Mas sem invadir a sua vontade nem nos deixarmos invadir por ela. Aproximando-nos do seu coração, mas respeitando sempre as suas decisões. Procurando ganhar a sua confiança e, se for possível, tentando suscitar a sua fé.

Senhor, aumenta hoje a minha fé, de maneira que esta possa contribuir para reforçar a fé de outros.