É pedido a Jesus, por um grupo de pessoas que Lhe trazem um doente, que ponha sobre ele as Suas mãos curadoras. Chama a nossa atenção que, a primeira coisa que Jesus faz, é afastar o surdo-mudo das pessoas. Esta Sua discrição, que O leva a retirar o paciente da multidão curiosa e expectante para Se encontrar a sós com ele, permite-Lhe aceder respeitosamente à sua intimidade e levar a cabo a Sua terapia do modo mais privado possível.
Jesus, que habitualmente costumava falar com os doentes que O buscavam, aqui encontra-Se diante de alguém que não pode ouvi-l’O e que só entende o que se lhe comunica por gestos. Assim, pois, o Mestre, que nunca fazia nada inútil, guia com os Seus gestos o olhar do surdo-mudo, coloca os Seus dedos nos ouvidos inertes deste e, depois, põe o Seu indicador na sua língua trapalhona.
Este singular diálogo inaudível entre o porta-voz da Palavra de Deus e o surdo-mudo adquire assim uma especial familiaridade, através de uns gestos de cumplicidade partilhada, que permitem ao incapacitado entender cada passo da sua terapia.
Jesus levanta os olhos ao céu para que o surdo entenda que o poder curador vem de Deus. E, depois disso, suspira, enquanto formula uma oração tão breve como fervorosa: “Efata”. E tem a delicadeza de a pronunciar claramente, ante o olhar atónito do surdo, na língua original deste, para que compreenda, de forma clara, o seu sentido: “Abre-te.” E aquele surdo-mudo, incapaz até então de emitir sons articulados, começa a falar corretamente.
A multidão dos espectadores, que, apesar da discrição de Jesus, estava a seguir a cena à distância, impressionados e atónitos, só podem repetir: “Este homem extraordinário tudo faz bem.” Assim é, com efeito, até agora.
Senhor, hoje necessito que me ensines a Tua discrição, o Teu tato, a Tua habilidade para falar e para me calar, como seja conveniente. Por outras palavras, que a Tua capacidade de fazer tudo bem me inspire para o ir fazendo cada vez melhor no meu trato com os meus semelhantes.