Deparamo-nos aqui com um versículo controverso, uma vez que muitos ensinam que ele oferece a prova clara de que os crentes vão para o Céu no preciso momento em que morrem. Antes, porém, de vermos essa ideia, precisamos de analisar aquilo que o versículo diz acerca de Jesus e do ladrão.
Quando olhamos para Jesus na ocasião em que Ele assumiu este compromisso, perguntamo-nos como é que Ele, em boa consciência, podia prometer fosse o que fosse a quem quer que fosse. Afinal, Ele estava a passar pela morte como um criminoso condenado. Estava preso a uma cruz com pregos, coberto de sangue e de moscas e não tardaria a acabar num buraco no chão. E, depois havia aquelas pessoas insultuosas à volta da cruz e a gritarem que se Ele era “o Cristo de Deus, o seu Escolhido”, devia demonstrá-lo salvando-Se a Si mesmo (Lucas 23:35, 37).
Sabemos agora que, ao não Se salvar a Si mesmo, tornou possível a salvação de outros, já que é através da Sua morte em nosso lugar que temos esperança. Mas isso não era evidente, quando Ele estava suspenso na cruz. Na verdade, parecia desamparado.
Contudo, é da Sua cruz mortal que Ele faz essa notável promessa ao ladrão de que este estará com Ele no Paraíso, ou no Céu. Esta promessa indica que, neste ponto da Sua provação, Ele podia ver para lá da sepultura. Pela fé, compreendia que a morte não era o fim para Ele e que a Sua vida e morte tornariam possível Ele salvar outros.
Tão notável como a fé de Jesus é a do ladrão, que até pede essa mesma promessa quando ambos estão a sofrer cada um na sua cruz. Ali estava um homem que acreditava, apesar de todas as aparências exteriores.
Encontramos aqui uma outra lição. Nunca é demasiado tarde para irmos a Jesus. Enquanto há vida, há esperança.
Precisamos agora de perguntar o que foi exatamente que Jesus prometeu? A maior parte das pessoas lê este versículo como se o ladrão fosse estar com Jesus no Céu naquele mesmo dia. Contudo, uma vez que, em grego, não há vírgulas nas frases, esta pode ser traduzida assim: “Digo-te hoje que tu estarás comigo no Paraíso”, querendo dizer que Jesus estava a fazer a promessa naquele próprio dia.
Qual é o lugar correto para aquela vírgula controversa? Deixemos Jesus responder. Por um lado, Ele não foi para o Céu nesse dia. Três dias mais tarde, Jesus informou Maria de que “ainda não subi para meu Pai” (João 20:17). E noutras passagens Ele disse claramente aos Seus discípulos que daria a recompensa aos Seus seguidores na altura da Sua Segunda Vinda, quando regressasse em triunfo “na glória do seu Pai, com os seus anjos” (Mat. 16:27).