Uma Palavra Amiga

Descansai um pouco

21 de Maio
E foram sós, num barco, para um lugar deserto. Marcos 6:32.
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Continuando as reflexões de ontem, hoje vemos Jesus e os Seus a descansar longe das suas tarefas habituais de ensinar, pregar e curar (Mateus 4:23). Mais de uma vez me senti fatigado e vazio diante das incessantes exigências do meu ministério, que consiste, também, em grande parte, em ensinar e pregar.

Chegou um momento em que necessitava de aprender a gerir trabalho e repouso. Necessitava de aprender a descansar.

Se a minha secretária não tinha terminado a tempo algum trabalho que eu considerava urgente, sentia-me responsável de o terminar eu mesmo. Se algum irmão me confiava um problema, eu acreditava que tinha de o resolver quanto antes. Se alguma das minhas aulas não tinha ficado como eu queria, investia o tempo que não tinha em preparar a aula seguinte. Se o sermão não me tinha saído tão claro e poderoso como eu desejava, passava dois ou três dias a revê-lo nos seus menores pormenores. Quanta energia investida neste stresse!

Até que um dia tomei consciência de que parece que Jesus nunca viveu sob a pressa. Empreendeu o Seu ministério público quando já tinha uns trinta anos (Lucas 3:23). Trinta anos perdidos? Não. Trinta anos nas mãos de Deus a preparar-Se para um ministério que, finalmente, ia ser muito curto.

Os Evangelhos nunca dizem que agisse precipitadamente. E uma vez iniciado o Seu ministério, sabendo que talvez não Lhe restasse muito tempo, ordena aos Seus discípulos: “Vamos fazer uma pausa. Agora precisamos de dedicar parte do nosso tempo a descansar” (cf. Marcos 6:31 e 32). Um dos provérbios gregos da época dizia: “A Pressa só teve um filho, o Erro.”

Com o tempo, a chegada da reforma, a experiência acumulada e o que acabei por aprender com Jesus, ajudaram-me a ver o meu trabalho de outra perspetiva. Quando preciso de descansar, ponho-me nas Suas mãos. Quando os fardos me sufocam procuro descarregá-los aos Seus pés, buscando a companhia e o conselho de quem sabe melhor do que eu quão frágil sou e quão limitada é a minha capacidade de trabalho sem a Sua ajuda.

Depois desses encontros a sós com Jesus (muitas vezes inclusivamente diante de um computador), a paz regressa. Durante essa pausa descanei um pouco, sinto--me reconfortado e o Senhor pode usar-me de novo plenamente para prosseguir as tarefas que me encomendou.

Agora, cada vez que sinto, como hoje, que preciso de descansar nos braços do Senhor, não oponho resistência. Busco-o no meu pequeno “lugar à parte” pessoal. O tempo passado com Ele nunca é tempo perdido. É o tempo melhor empregado do dia.