O A. é como uma criança, apesar de, há muitos anos, ter abandonado a sua infância biológica. Raciocina como uma criança e age como uma criança. Todos, ao seu redor, o tratam tão bem que não creio que alguma vez descubra que, em vários aspetos, é diferente de outros da sua idade.
Trabalha todas as manhãs e tem uma vida muito metódica, ordenada, simples e aparentemente satisfatória. Sorri muito, e as pessoas veem-no muito mais sereno e feliz do que a maioria daqueles que têm a bênção de o conhecer.
O A. sente prazer em ajudar os outros. Duas ou três vezes por semana colabora com uma equipa da ADRA, recolhendo alimentos dos grandes armazéns e repartindo-os entre as famílias necessitadas da cidade. Põe o coração em tudo o que faz, e costuma fazê-lo sempre bem.
O seu coração é puro, inocente e sensível. Condói-se do sofrimento alheio e deseja que Jesus volte para que ninguém tenha de sofrer. Carece de qualquer forma de orgulho. As aparências preocupam-no muito pouco. É sempre transparente e sincero. Confia sempre em Deus.
Livre das complexidades dos nossos raciocínios intelectuais, quando vai a Cristo fá-lo como uma criança. Creio que conhece Deus melhor do que muitas pessoas e tem um relacionamento com Ele que nós, que somos mais cerebrais, temos dificuldade em alcançar.
Nos meus momentos de dúvidas e de luta, invejo a paz e a fé de A.. Tenho de admitir que está mais próximo de Deus do que eu, por vezes, vejo em mim mesmo. E então compreendo que quem está, no fundo, menos capacitado, não é o A., mas sou eu.
As minhas obrigações, os meus temores, as minhas circunstâncias, não são, por acaso, incapacidades para confiar, como o A., no cuidado divino? Não será que o A. aprendeu coisas muito elementares, mas muito importantes, que eu ainda não consegui aprender?
Um dia, quando os mistérios desta vida nos forem revelados e compreendamos por fim a vida que Deus desejava para nós, sem dúvida entenderemos o que Jesus queria ensinar-nos quando disse que se não voltássemos a ser como meninos (como o A.?) não entraríamos no reino dos céus.
Senhor, hoje desejo que me ensines a ser como uma criança, porque desejo estar com o A. no teu reino.