Uma Palavra Amiga

Equilibrio entre atividade e descanso

22 de Maio
Enquanto é dia, precisamos de realizar a obra daquele que me enviou. A noite se aproxima, quando ninguém pode trabalhar. João 9:4, NVI.
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Rafa Nadal, considerado um dos melhores tenistas da História e um desportista exemplar, declarava, em 2020, que uma das chaves da sua excelente forma, mas muito difícil de conseguir, era o equilíbrio entre treino e descanso.

Encontrar a medida entre atividade e sossego, ou entre trabalho e repouso também não parece fácil para o comum dos mortais. O frequente é cair no ativismo excessivo ou na negligência indolente. Contudo, esse equilíbrio é necessário para a nossa realização pessoal. O ritmo regular entre a noite e o dia parece estar previsto “de fábrica”, para nos ajudar a conseguir essa ponderação tão necessária para vivermos saudáveis e felizes.

Jesus viveu numa sociedade que sabia – talvez melhor do que outras, porque esse princípio pertencia ao seu mais sagrado património cultural – que a harmonia entre a atividade e o repouso era indispensável para o equilíbrio. Os mais antigos textos sagrados de Israel já exortavam patrões e empregados a dedicarem tempo suficiente ao trabalho e ao descanso, e a permitir o repouso pelo menos um dia em cada sete (Êxo. 20:8-11; Deut. 5:13-15; cf. Gén. 2:2 e 3).

O preceito “seis dias trabalharás” com que começa o quarto mandamento do Decálogo (Êxo. 20:9) não é uma mera introdução ao descanso do sétimo dia, é parte do mandamento. O trabalho semanal precede o descanso sabático. A obrigação precede a devoção.

É muito fácil sucumbir à tentação do lucro desmedido dando ao trabalho (próprio ou de outro) um lugar excessivo na vida. Sobretudo quando a ideologia da supremacia do económico e a falácia de que o ócio é sinónimo de felicidade, parecem impor-se quase como axiomas irrefutáveis.

Quando os triunfos materiais e os excessos no desfrutar se convertem em índices pelos quais se avalia o êxito humano, quando a glória é para os que se destacam seja como for, o dinheiro e a fama acabam por se situar, para muitos, acima de todos os outros valores, incluindo a sensatez.

O sábio Salomão dizia, já há três milénios, que “melhor é uma mão cheia, com descanso, do que ambas as mãos cheias com trabalho e aflição de espírito” (Ecl. 4:6).

Sábios seremos também nós se soubermos pôr tanto as nossas atividades produtivas como o ócio de que saudavelmente desfrutamos ao serviço da nossa saúde, da nossa realização pessoal, do bem-estar da nossa família e da sociedade em que vivemos.

Essa é hoje a minha oração.