Num Sábado, na sinagoga em que estava presente, Jesus encontrou um homem com uma mão atrofiada, anquilosada, encolhida. Não sabemos a causa dessa paralisia local, talvez resultado de algum acidente. Lucas, “o médico amado” (Col. 4:14), precisa que se trata da mão direita (Lucas 6:6), o que salienta a sua situação, já que, naquele tempo, poucas profissões se poderiam exercer só com uma mão.
Isso significa também que o seu estado afetava, necessariamente, todas as facetas da sua vida, ao não poder desempenhar nem mesmo algumas tarefas simples. Hoje, esta é a situação de numerosas pessoas doentes e incapacitadas.
Não sabemos há quanto tempo estava assim, até ter encontrado Jesus, mas, sem dúvida, sentia-se diminuído, apoucado, por vezes até impotente ou inclusivamente inferior. Qualquer incapacidade costuma afetar a autoestima. Nestes casos, o habitual é procurar esconder a mão aleijada, dissimulando-a com a roupa, junto ao corpo.
Chama-me a atenção que, para intervir em favor do maneta, Jesus lhe peça que estenda a sua mão. Quer dizer, que reconheça e assuma a situação com realismo, que ponha de lado a questão das aparências e permita que o terapeuta constate as suas limitações e possibilidades, sem esconder nada. E então o milagre produz-se.
Os especialistas sabem bem que, parte essencial em qualquer terapia, é conseguir que o paciente se deixe examinar o mais abertamente possível, revelando o seu verdadeiro estado, em todos os aspetos, incluindo os seus medos e reticências. Isto é verdade não só no âmbito das incapacidades físicas, mas também no das nossas fraquezas espirituais.
Por isso, quando expomos, em oração, as nossas debilidades a Deus, o grande médico, também temos de começar por reconhecermos a nossa condição e as nossas necessidades, e eliminar os obstáculos que impedem o Seu toque curador. Ao irmos a Ele tal como somos, com tudo o que nos limita, estamos a permitir-Lhe que nos restaure plenamente e nos conceda a saúde integral de que necessitamos.
Senhor, hoje, ao aproximar-me de Ti, atrevo-me a apresentar-me tal como sou, porque sei que Tu tudo vês e não poderia, ainda que quisesse, ocultar-Te nenhuma das minhas fraquezas. A ti estendo as minhas desajeitadas mãos, para Te suplicar que o poder da Tua graça as torne úteis para o Teu serviço.