Uma Palavra Amiga

Um abeto resgatado

27 de Março
Senhor, deixa-a ainda este ano, até que eu escave ao redor dela e lhe ponha estrume. Lucas 13:8, ARA
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Aproximava-se o Natal. Já tinham caído as primeiras neves e tudo começava a ter o típico aspeto da estação natalícia por aquelas terras entre a França e a Suíça. Vivíamos perto de um bosque onde abundavam os abetos e, como passávamos as nossas férias de fim de ano em Espanha, não sentíamos a necessidade de ter uma árvore de Natal em casa.

Contudo, como todos os seus amiguinhos e vizinhos tinham uma árvore cheia de enfeites e de presentes, o nosso filho mais novo, que tinha, então, quatro anos, empenhou-se em que ele também queria ter uma. Tentámos fazer-lhe compreender que as árvores são mais felizes no bosque, e que, se metêssemos uma em casa, ia ficar sozinha durante a nossa ausência, mas ele insistia em que queria ter uma árvore que fosse sua. Por isso, um dia, ao passarmos junto de um vendedor de árvores cortadas, insistiu em que lhe comprássemos a mais pequena que havia, que era mais ou menos do seu tamanho. Levámo-la para casa e, com os seus irmãos mais velhos, enfeitaram-na à sua vontade. Ali ficou, plantada num vaso, durante todas as festas. Como era de esperar, quando voltámos, a árvore já estava a começar a perder as suas folhas. Dispus-me a levá-la para a deitar no contentor do lixo orgânico. Mas o menino agarrou-se à sua árvore e não havia maneira de a soltar.

“Esta árvore é minha. Não está morta. Está viva. Não quero que morra. Deixa-a aqui. Gosto muito da minha árvore.”

Depois de muito insistir, conseguimos o acordo seguinte: plantaríamos a árvore no jardim, para que pudesse receber pássaros e esquilos, e o seu pequeno dono vê-la-ia sempre que quisesse da sua janela. Sem fazer nenhum buraco, espetei o mais fundo que pude a árvore na terra, que já estava coberta de meio metro de neve, e ali ficou todo o inverno.

Oh surpresa! Quando a neve se foi e voltámos a lembrar-nos da árvore, estava no meio da relva, com uns minúsculos rebentos de folhas verdes nas pontas dos seus ramos pelados. E ali está ainda, depois de tantos anos, convertida num bonito abeto.

Senhor, obrigado por me dares hoje mais uma oportunidade para revitalizar o meu ser, por me encheres com a seiva do Teu Espírito, e por me fazeres florescer.