Uma Palavra Amiga

Deixar ir

24 de Junho
Desde então, muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele. Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. João 6:66-68.
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O abandono de um grande número dos Seus discípulos sem dúvida causou ao Mestre uma profunda tristeza. Por isso, faz aos Seus apóstolos mais próximos uma pergunta tão séria e solene como sincera: “Quereis vós também retirar-vos? Vão.” Sem dúvida, a possibilidade que O abandonassem seria muito dolorosa para Ele. Mas Jesus só queria seguidores comprometidos. Esses que “saíram de nós, (mas) não eram de nós; porque se fossem de nós ficariam connosco” (I João 2:19).

Por muito doloroso que seja para nós, Jesus ensina-nos que não devemos forçar ninguém a seguir-nos: devemos aprender a deixar ir. Não podemos obrigar ninguém a querer estar connosco unilateralmente, a amar-nos, a gostar de nós, a desejar a nossa companhia ou a nossa amizade.

Isso significa que devemos aprender, além de a receber de braços abertos, também a dizer “Adeus”, até mesmo definitivamente. Frequentemente, em vez de suplicar que alguém fique, convém deixar a pessoa ir.

Pelo meu trabalho em prevenção da violência intrafamiliar, sei o quão doloroso e negativo é, a longo prazo, para um número demasiado alto de mulheres, não se atreverem a “deixar ir”. E agarrarem-se a alguém que as maltrata, que não as respeita, que não as merece, que não as ama, que as magoa, que fere os seus filhos no mais sensível dos seus afetos, que as denigre e que as destrói ainda mais por dentro do que por fora. Há relações que se tornam tão tóxicas que já não está nas nossas mãos resolvê-las.

Custa-nos entender que, albergar rancor no nosso coração é como tomar veneno com a intenção de que faça mal ao outro. O respeito pelos outros faz parte essencial do caráter de Deus, manifestado em Jesus. O nosso Criador e Salvador fez-nos livres, até mesmo de O seguirmos ou não. E só podemos ser minimamente felizes se não vivermos forçados por vontades alheias.

Se cada cônjuge deve “deixar” pai e mãe (Gén. 2:24) para formar livremente um lar com a pessoa com a qual deseja construir um futuro, é porque os pais também devem deixar ir os seus filhos a quem amam. O respeito da liberdade do outro é o ingrediente básico do amor.

Senhor, ensina-me a respeitar a liberdade daqueles que me rodeiam, como Tu nos respeitas a todos.